O aumento da popularidade dos jogos eletrônicos trouxe também preocupações com o vício, classificado pela Organização Mundial da Saúde como “game disorder” no CID-11, desde o início de 2022. Esse transtorno pode comprometer elementos cognitivos, comportamentais, sociais e financeiros, além de provocar sintomas como ansiedade e depressão.
Cleyson Monteiro, psicólogo e professor da UNINASSAU Paulista, destaca que o limite entre o lazer e o vício se define pelo tempo dedicado ao jogo e pelo abandono de outras atividades importantes. Sintomas como alterações de humor, ansiedade elevada, baixa tolerância, picos de raiva e reclusão indicam a necessidade de intervenção profissional. Segundo ele, “quando o indivíduo deixa de trabalhar, de cumprir com seus compromissos, deixa de lado as suas relações interpessoais ou deixa de dormir porque só consegue focar no jogo, vemos um cenário preocupante”.
O especialista também ressalta a importância da atenção dos pais no comportamento de crianças e adolescentes. A sugestão é estabelecer uma rotina balanceada entre estudos, lazer e descanso, além de limites no uso das telas.
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O tratamento para o vício em games geralmente envolve o uso de medicamentos, prescritos por um psiquiatra, combinados com psicoterapia. A participação de familiares e amigos é crucial para a eficácia do tratamento e a recuperação da qualidade de vida do paciente. Monteiro enfatiza que, mesmo após a estabilização da condição, é fundamental manter práticas saudáveis, como exercícios físicos e acompanhamento psicológico regular, para evitar recaídas.
“Uma pessoa que é diagnosticada com um vício, mas que faz o tratamento de forma adequada, ela pode sim ter o seu quadro estabilizado, além de restabelecer a sua vida pessoal e profissional, bem como a autonomia de si própria, no entanto, precisamos frisar que após o controle da doença, é essencial que medidas sejam tomadas para a manutenção dele. Dentre algumas dessas medidas estão a prática de exercícios físicos, sono regular, acompanhamento psicológico, ida às consultas regulares com o psiquiatra, além, claro, evitar os games”, afirma Clayson Monteiro.