O uso de fones de ouvido em volumes altos e por longos períodos tem levantado preocupações sobre os danos à audição, especialmente com a popularização do trabalho remoto e o aumento do uso entre os jovens. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 21,52% da população nas Américas — cerca de 217 milhões de pessoas — vive com perda auditiva. A previsão é que, até 2050, esse número chegue a 322 milhões. No Brasil, mais de 10 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência auditiva, incluindo 2,7 milhões com surdez profunda, de acordo com o IBGE.
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De acordo com o Dr. Celso G. S. Savioli, otorrinolaringologista do São Cristóvão Saúde, os fones de ouvido não são os vilões, mas sim o uso inadequado. “O que interfere negativamente na audição é a combinação de volume alto e tempo prolongado de exposição, além da falta de proteção em ambientes ruidosos, como casas noturnas”, explica o especialista. Ele ressalta que exposições pontuais a sons altos, como em bares ou shows, geralmente não causam danos graves, mas a intensidade e a frequência de exposição podem ser decisivas.
Por outro lado, o aumento no uso de fones durante a pandemia trouxe um efeito positivo: a maior procura por exames auditivos, como a audiometria, para identificar possíveis danos precocemente. “Apesar da conscientização crescente, ainda não se observou um aumento significativo nos diagnósticos de perda auditiva, mas o tempo prolongado de exposição pode mudar esse cenário no futuro”, afirma o Dr. Celso.
A avaliação precoce também permite detectar outras condições, como doenças do ouvido e alterações genéticas, que podem ser tratadas antes de evoluírem. Segundo o especialista, adotar hábitos saudáveis, como reduzir o volume e limitar o tempo de uso de fones de ouvido, é fundamental para evitar problemas no futuro.